A lectio de hoje continua a nos mostrando como deve ser a verdadeira religião.
Observar a lei vale mais do que sacrifícios e viver os mandamentos são sacrifícios de comunhão, assim inicia o autor sagrado nesta palavra. De fato, não adianta oferecer um sacrifício a Deus na igreja e fora dela praticar tudo ao contrário do que aprendemos. Por isso o autor chama a vivência dos mandamentos de “sacrifício de comunhão”, porque quem os vive está unido a Deus.
Retribuir favores e dar esmolas são sacrifícios de louvor que agrada a Deus. Sim, o Senhor se felicita com a nossa partilha, com o nosso desapego das coisas materiais. Muitas vezes nos enchemos de coisas enquanto o próximo não tem nada. Precisamos ser instrumentos de Deus, da Sua providência, na vida dessas pessoas, dando-lhes o que elas necessitam. Retribuir um favor é uma forma de gratidão que podemos dar a Deus e ao próximo.
Sim, o que agrada a Deus é afastar-se do mal, da perversidade, da corrupção, enfim, de tudo o que não vem de Seus planos. O sacrifício pelos nossos pecados cometidos é afastar-se da injustiça. É preciso abraçar a nossa cruz, as consequências dos nossos atos, e seguir em frente, cuidando de nossa boca para que ela não seja um poço profundo, um esgoto que só sai o que não presta. Precisamos nos policiar nas nossas atitudes, para que nós peneiremos o que devemos ou não fazer e fazer apenas o que é bom. Tudo isso são formas de se afastar do mal.
Diante do Senhor não podemos nos apresentar de mãos vazias. Isso me fez lembrar de uma música, onde dizemos “não tenho nada a oferecer”, porém, pelo contexto da letra, esse “nada” é um valor material. Ainda temos o nosso coração, ainda temos o nosso caráter e isso vale mais do que qualquer dinheiro. O que vamos oferecer a Deus quando nos encontrarmos com ele no fim da vida? É uma pergunta que pensamos pouco… Por isso precisamos no hoje agir na corretude do Espírito Santo.
A oferta e o sacrifício do justo é aceito, seu perfume sobe até o altíssimo e o seu memorial não ficará esquecido. Quem é o justo? O justo é o Cristo, que não tinha pecado nenhum e se ofereceu como cordeiro pascal para imolar todos os nossos pecados. Este sacrifício foi aceito por Deus Pai todo poderoso. Mas como o próprio Cristo disse, devemos ser perfeitos como o Pai é perfeito (c.f. Mateus 5, 48). Portanto, o sacrifício de quem vive dia após dia a palavra do Senhor é aceito e unido ao sacrifício do Cristo. Os santos não foram esquecidos justamente por isso. É uma profecia que o autor sagrado declara no versículo 6.
Glorificar a Deus com generosidade é não ter reservas para oferecer aquilo que precisamos oferecer. Às vezes tudo o que é preciso dar ao Senhor é o seu coração quebrado, para que Ele o torne novamente uma unidade. Mas uma pessoa que se coloca com reservas diante do Senhor, o coração não é totalmente unido, a sutura rompe e o coração sangra novamente, no sentido não literal. Nossas feridas da alma só podem ser plenamente curadas se nos abrirmos a Deus sem reservas.
Não adianta oferecer algo a Deus que seja pouco e com tristeza, pois mostra aos outros mau grado, mostra a todos que você não está dando porque realmente quer, mas por obrigação de preceito. Quem vive uma religião de obrigação, não vive uma religião. Até mesmo o serviço ao Senhor deve ser sem esperar nada em troca.
Em contrapartida, não podemos dar além do que podemos dar. É preciso observar nosso sustento também. Não adianta dar um dízimo enorme para a igreja e deixar em casa filhos e mulher passando fome, a míngua. Precisamos devolver a Deus conforme nossos dons que Ele nos deu e conforme podemos dar. Isso é a verdadeira devolução, uma devolução generosa e ao mesmo tempo que não nos prejudique. Além do mais, ofertar nossos dons a Deus é uma forma de gratidão também.
Por fim, o autor sagrado mostra uma promessa de Deus: que o Senhor retribui a oferta do justo, dando sete vezes mais. De fato, se a oferta que temos passa por todo o crivo do que refletimos hoje, certamente o Senhor olhará para nós com muita estima.
Peçamos a Deus a graça de saber como, quando e quanto ofertar, observando pelo autoconhecimento os dons que podemos dar ao Senhor e, desta forma, viver segundo a vontade do Pai uma verdadeira religião, a religião do amor, pregada pelo Seu Filho Unigênito, Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
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