Lectio Divina (Eclo 29,8-13): Fazer o bem sem olhar a quem


Hoje a lectio vem nos falar sobre os mais necessitados.

Logo no primeiro versículo já chama a atenção para que sejamos compreensivos com o pobre, não deixando ele esperar muito pela esmola. De fato, quem passa fome tem pressa de saciá-la. Na verdade, isso acontece com todas as necessidades humanas. Quem sente dor, tem pressa em saná-la. Quem sente sede, tem pressa de beber água. Precisamos ser compreensivos e entender: mesmo que uma pessoa esteja pedindo esmolas por comodidade, porque não quer trabalhar, mas ela tem necessidades, como todos nós temos. Por isso precisamos sim ser solícitos e, se for o caso, dar um conselho. Porque o alimento enche a barriga, mas a palavra enche a mente e o espírito.

O Senhor nos manda amar, cuidar do próximo. Jesus mostra muito claramente isso quando resume os mandamentos em amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo (c.f. Marcos 12, 30s). E o escritor sagrado no livro de Eclesiástico já entendia isso, nos dizendo para socorrermos o indigente por conta do mandamento de Deus, não o despedindo de mãos vazias.

Às vezes esse necessitado é um parente, ou mesmo um amigo. Será que temos sido solícitos para com as pessoas que Deus colocou em nossas vidas de maneira mais próxima? Se não amamos os que estão em nossa casa, como podemos amar os de fora? Por isso devemos ser apoio para essas pessoas, para que elas não sejam esmagadas pelo mundo e não tenham nem sequer o que comer.

Deus nos dá tudo em abundância (c.f. João 10, 10) para que partilhemos com os que não tem. Você poderia perguntar: mas se Deus nos dá tudo em abundância, porque o nosso irmão não recebeu o mesmo em abundância? Ele não recebeu por conta dos egoísmos, individualismos e comodismos deste mundo. Só quem conhece a fundo a história de uma pessoa que virou morador de rua é que sabe os motivos daquela pessoa estar ali. E o Senhor tem compaixão deles. Jesus teve misericórdia até mesmo dos seus algozes (c.f. Lucas 23, 33-35), quanto mais não teria de um pobre que vive de esmolas. Precisamos aprender a ver Jesus nas pessoas, quem sabe assim não aprendemos a amar a Deus no outro e partilharmos o que Deus nos dá a mais?

O autor sagrado ainda mostra que se dermos esmola do que temos em nossos celeiros, isso nos livrará de qualquer desgraça. Pensemos um pouco: se nós que somos humanos, limitados, pecadores e miseráveis formos bons com quem precisa, dando-lhes aquilo de que necessitam e que Deus nos dá a mais? Se fazemos isso mesmo sendo mazelados, imagina o que Deus não pode fazer por nós. Não é uma questão de troca, de fazer o bem porque teremos proteção. Mas é uma realidade divina. Deus é muito melhor e seus planos, muito maiores do que nós. A maior bondade do mundo não chega nem aos pés da imensa bondade do Senhor. João Batista foi um grande homem, considerado santo pela Igreja Católica. Mas Jesus disse que o menor no Reino dos Céus era maior do que ele (c.f. Mateus 11, 11). Disse isso certamente para que lutássemos pela santidade.

Por fim, o autor nos mostra que dar esmola é algo que nos protege mais do que forte escudo e lança pesada. O que ele quis dizer com isso? Se um inimigo nos levasse ao tribunal e quisesse o nosso mal, o júri não encontraria condenação em nós, por conta do bem que fizemos. Foi assim que aconteceu, por exemplo, com Saulo de Tarso, depois que se converteu ao Senhor e passou a ser chamado de Paulo (c.f. Atos dos Apóstolos 25, 14-21). E mesmo Jesus, Pilatos não encontrou culpa alguma nele (c.f. Lucas 23, 4). Então sim, o bem que fazemos se torna proteção para as nossas vidas e certamente a providência de Deus estará a nosso favor.

Peçamos a Deus a graça de sermos bons, de dar esmola a quem pede e ajudar quem precisa. Louvado seja o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado.

Comentários