Lectio Divina (Eclo 21,1-10): O pecador e o arrependido.


Hoje a Lectio nos trás uma dualidade. A vida do pecador e a vida daquele que se arrepende. De fato, todos nós temos pecado, mas a diferença entre o pecador assumido e o que busca as coisas de Deus está no arrependimento e luta para não mais pecar.

Assim começa a escritura, convidando a não mais pecar caso tenhamos pecado. De fato, com exceção de um vício, o pecado cometido novamente denota falta de arrependimento. Digo que o vício se excetua pelo fato de que a pessoa verdadeiramente se arrepende, no entanto ela torna a pecar porque é escrava do pecado. Além disso, devemos pedir perdão a Deus pelas culpas passadas e, no caso de vício, a libertação.

O autor sagrado compara o pecado a uma serpente, como também o foi em Gênesis, onde a serpente foi um instrumento de tentação para Adão e Eva. Apesar disso, o símbolo de uma serpente de outro presa numa aste serviu de sinal para curar o povo de Israel que sofria com picadas de cobra devido à desobediência deles. Ainda hoje este símbolo é usado pela medicina como sinal de identificação da profissão. Mas, em se tratando de uma serpente venenosa, é preciso se manter longe dela e é assim que o autor sagrado compara o pecado. Devemos nos afastar das situações que possam nos levar ao pecado.

A desobediência a Deus é comparada a uma espada de dois gumes porque fere tanto quem desobedece, quanto a quem foi desobedecido. Imagina uma desobediência a Deus? Sim, fere o coração de Deus. Sim, seria como se unir aos judeus que flagelaram e crucificaram Jesus. Também fere a nós mesmos, pois Deus sabe o que é melhor para nós e se nós não o fazemos, certamente nos feriremos e até nos arrependeremos de não o ter feito.

O soberbo é aquele que age de arrogância e crueldade para com as pessoas. A palavra de Deus nos atesta de que a casa do mesmo será devastada. De fato, quem confia demais no mal que faz achando que não vai receber nada, acaba tropeçando nos próprios pés e levando um baita tombo.

Deus está com o pobre, com o desvalido. Aquele que suplica a Deus por uma causa injusta, o Senhor o atende na mesma hora. O que falta em nossa sociedade hoje é o temor a Deus. As pessoas acham que Deus é só misericórdia e fazem tudo o que querem, na intenção de se arrependerem só quando estiverem velhos ou no leito de morte. Esse tipo de arrependimento não é válido porque não foi de coração e, como diz Jesus, ali haverá choro e ranger de dentes.

O versículo seis é o centro da nossa Lectio de hoje. Ele mostra que quem despreza a correção, segue o caminho do pecador e quem segue a Deus, se arrepende do mal que fez. Isso me faz pensar que é uma escolha, uma decisão que tomamos no mais íntimo de nós viver uma vida de pecado ou uma vida de santidade. Ser santo não significa não cair, mas significa cair e levantar sempre.

Tem gente que fala demais, mas aquele que reflete sobre o que faz, sabe quando errou e se aprende do mesmo. É uma questão de sabedoria reconhecer o próprio erro e pedir perdão. Além disso, o Senhor mostra que quem usa de dinheiro injusto para construir a própria casa, estará construindo a pŕopria sepultura. De fato, não se trata só de construir uma casa de pedra, mas a casa da vida, nossa morada no céu. Temos buscado construir nossa morada onde? Na mansão dos mortos ou no céu? Nossas escolhas determinam isso.

O autor sagrado é claro quando diz o fim da reunião dos injustos. O próprio Cristo atesta isso nos evangelhos, quando diz na parábola do trigo e do joio que este será queimado no fogo. O caminho do pecador é fácil, bem pavimentado. É fácil viver uma vida de pecado, é fácil se entregar às más inclinações. Difícil é viver em santidade, porque requer sacrifícios e vivemos numa sociedade em que poucos se sacrificariam por um bem maior.

Peçamos a Deus a graça de viver bem todas as coisas e buscar a santidade, aceitando as correções necessárias para caminhar rumo ao céu. Amém.

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