Gente sem lar...

Ela se ajeitava, deitada naquele colchão, em frente a um estabelecimento comercial qualquer, e olhava para os lados. Pouco se movia. Pegava algo não identificável e colocava na boca para comer.

O chão estava molhado e as cenas se misturavam ali: uma mulher deitada numa calçada da Avenida dos Expedicionários, ônibus e carros passando, humidade... Ninguém ali perto, senão ela mesma. Era como se não a percebessem, apenas eu, que segurava firme minha mochila e dava um soco de indignação na aste de segurança do ônibus em que eu estava. Uns curiosos olharam para mim, porém não entenderam minha "ação" naquele ônibus vip.

Virei a cara por um momento, mas a imagem ficou retina na consciência. Olhei para as pessoas do ônibus, parado no sinal. Quando comecei a me mover, olhei de relançe e vi aquela mulher pela última vez, na mesma posição deitada, onde parecia nem lutar por sua dignidade engolida pela nossa injusta sociedade.

Comentários

Barbara Jordao disse…
injusto... imagina só os pobres homens do mundo fazendo a mesma coisa desta mulher, deitas em uma cansada.. e o que a gente faz.. olha e simplismente daqui a 2 semanas.. esquece o fato.

*eu te amo driiiiiii... morrendo de saudade de tu!