Lectio Divina (Eclo 33,7-15): Conflitos e sínteses


A lectio de hoje vem nos responder os motivos pelos quais existem conflitos na terra. Fiquei bastante surpreso e, ao mesmo tempo, contente; pois era uma dúvida que eu também tinha.

O autor sagrado começa com um questionamento: porque existem dias melhores do que os outros, se todos eles são iluminados pelo mesmo sol? Ele nos mostra que foi o Senhor quem os separou, dividindo estações e festas, dias comuns de dias especiais. De fato, é o Espírito Santo que inspira as boas coisas no coração do homem, e o homem pega essa inspiração e faz o que quer com ela, inclusive, ele pode seguir segundo a ordem do Senhor ou deturpá-la segundo os próprios prazeres.

O autor, logo após, faz essa mesma comparação dos dias com as pessoas. Todos vieram da terra, mas o Senhor distinguiu e diversificou o caminho de cada um. A alguns o Senhor trouxe para perto de si, os consagrou e abençoou, a outros afastou, amaldiçoou e o derrubou de suas posições. É de se pensar: por que o Senhor faria isso? Acaso Deus faz acepção de pessoas? Penso que Deus trilhou um caminho para nós, mas nós nem sempre o seguimos e é aí onde mora o sofrimento. Como vimos na lectio de ontem, se tememos o Senhor, nenhum mal nos atingirá.

Como argila nas mãos do oleiro, que faz o que quer e bem entende com ela, assim somos nós nas mãos do Senhor. Claro que, existem os rebeldes, os cabritos, que não deixam ser moldados pelo Senhor, mas pelas próprias paixões e ideologias. Perdem-se em caminhos tortuosos e sofrem mais do que foram chamados a sofrer neste mundo. O julgamento do Senhor é perfeito, pois sua visão é onisciente, por isso Ele nos retribui como Ele quer, pois seu julgamento é justo e precisamos aprender a aceitar a nossa sina de cada dia.

Por fim, o autor sagrado mostra que diante do mal está o bem, diante da morte, a vida, diante do fiel, o pecador. Ele também pediu para considerarmos em toda a criação que estão, duas a duas, uma diante da outra. Quando analisamos a história da humanidade, percebemos o quanto isso é real. Nunca houve uma guerra tripla, mas sempre seguindo como no jogo de xadrez: dois lados que se confrontam. Apesar de vivermos num mundo pluralizado, existem sempre dois lados que entram em conflito, gerando uma nova realidade. É o silogismo de Aristóteles: tese e antítese entram em conflito, formando uma síntese. Até em um relacionamento amoroso isso acontece: homem e mulher entram em conflito, dois mundos diferentes que se encontram, e formam uma síntese, mesmo que seja apenas o crescimento, a maturidade, dos dois.

Peçamos a Deus a graça de viver bem todas as coisas, sendo guiados pelo Seu Espírito, aceitarmos com dignidade nossa sina. Quanto mais cedo aceitarmos quem somos, em vez de querer seguir paixões ideológicas, mais cedo seremos felizes. Peçamos a graça da simplicidade, e também de sabermos lidar com nossos conflitos diários, internos e externos. Louvado seja o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado.

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