Caminho

Estava meio desanimado, queria muito encontrar um grande amor, viver um grande namoro... Ficava pensando numa menina, que não posso identificar no momento, ao mesmo tempo que tomava meu banho frio para ir com minha mãe à capela, pois tinha festa do dia das mães.

Chegamos atrasados. Fiquei imaginado que a menina, que estava em minha memória, não estaria lá, já que a festa seria no mesmo horário da missa na capela que ela frequenta. Quando a vi, uma espécie de sentimento estranho me veio ao coração e comecei a refletir. Lembrei da oração ao Senhor que fiz cedinho, onde comecei a indagar comigo mesmo sobre meu medo de não ter enfrentado um relacionamento antes. Tinha motivo: Minha mãe sempre dizia que eu não podia namorar porque era novo demais, e ficava com medo do quarto mandamento da Lei de Deus.

Pensava, encarava a menina as vezes, pedia uma luz pro Senhor, não suportava mais ficar naquela escuridão, sem entender o que deveria fazer da minha vida. Olhava pras pessoas que estavam ali, aquelas mães sorridentes para com as brincadeiras oferecidas pelo grupo de jovens.

Uma chuva começou e agente entrou, mas a festa continuou. Olhava pra garota, pras pessoas, olhava pra minha mãe e lembrava da decepção que tive por conta de algumas coisas que aconteceram em casa. Coisas que me fizeram penetrar num silêncio, um silêncio necessário, para que eu não fizesse nada de errado e destruísse a paz que o Pai Celeste me concedeu.

Como minha garganta estava meio dolorida, resolvi sair para por o pigarro fora e vi algo maravilhoso, algo que seria difícil de expressar em palavras, mas vou tentar: Depois da chuva, o céu estava num tom azul vivaz, as nuvens do norte desenhavam uma grande montanha e acima de mim havia uma estrada, feito véu de noiva, que vinha do nascente e passava ao lado de um aglomerado de vapores suspensos que ocultavam o céu azul. Parecia uma entrada celestial e, bem no fim dela, a luz do sol passava secante aos gazes sobre mim.

A estrada que pedi, a estrada de luz que tanto supliquei a Jesus, estava ali, feita no céu e refeita na minha mente...

Mas eu sabia que aquilo significava algo maior, algo novo na minha vida. Foi ai que, de noite, depois da celebração da palavra, fui conversar com meu amigo vizinho e tive uma luz com a ajuda das palavras dele, pois saí um pouco confuso da celebração (o celebrante falava de amor e orei de tal modo que, daquela noite, achei que não passaria o meu sonho realizado).

Minha interpretação seria: o caminho da luz, da verdade, da salvação, da graça alcançada, está mais próximo do que imaginamos, talvez próximo até demais e simplesmente não enxergamos...

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